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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

4 de novembro de 2011

Como uma onda no mar

Ondas

Praia de Camburizinho, 16H40m. O morro de Cambury é coberto por uma enorme variante de tons de verde, onde entre eles, apenas dois ipês amarelos se destacam. A temperatura é agradável e o som do mar aparenta violência. Dois rapazes jogam frescobol enquanto que do outro lado, pai e filho se divertem com uma colorida raia que faz um belo contraste diante do imenso céu azul sem a presença de nuvens. A areia é bem fina, de textura macia e de um colorido brilho. Numa bela sequencia as ondas se dissolvem trazendo nessa ação, um contagiante e fecundo silêncio. 

Existe diferença entre as barulhentas, brancas e limitadas ondas e o silencioso, verde e infinito mar? Existe essa dualidade, ondas e mar?

Posso ficar aqui nesta cadeira de nylon, observando todo movimento do mar, sua cadência melódia, sua sequência de ondas, suas arrebentações e, através dessa observação, formular um conceito de como é o mar. Em geral, é bem essa a tendência humana: tecer e se conformar a viver de conceitos. No entanto, se eu quiser sair do conceito e "vivenviar", "sentir", preciso me aventurar ao mergulho que nos torne um. 

De onde surgem os pensamentos? De onde surgem nossos conflitos? Qual é a natureza exata de sua nascente? Qual é a sua fonte? De onde ocorre sua origem?

A não mais que 200 metros, há uma pequena placa amarela, com a frase "Perigo Correnteza", escrita com tinta vermelha. É interessante notar que sempre na história humana, homens e mulheres se dão ao amoroso trabalho de posicionar setas indicadoras que apontam para os perigos do fluxo da correnteza mental, fluxo esse que quando nos pega distraídos, nos arrasta para as profundezas do conflito. 

Não é nada fácil, quando assustados, por vezes em pânico, em meio as violentas ondas da espiral do conflito, conseguir "boiar observando", se manter num estado de calma, ou então, se aventurar a um mergulho profundo capaz de nos libertar da força da correnteza.

Viver de conceitos, de idéias, de imagens, é tão ilusório como a onda procurar o mar. Por décadas somos ondas em busca do mar, inconscientes de nosso real estado de ser. Se, como as ondas, deixássemos de fazer estrondoso movimento, dissolveríamos a ilusão do que pensamos ser no fecundo leito de nossa substância. 

Por mais que a onda tente se afastar do mar, este lhe atrai de forma totalmente envolvente. É na rendição da onda que pensamos ser, que se dá o envolvente encontro. Todo conflito é como uma ruidosa onda do mar: ele tem sua sequencia, tem seu tempo, mas, seu destino é o remanso, é a calmaria que não deixa rastros. 

Para quem se fez um com o mar, já não há mais mar... Só amar.

Nelson Jonas Ramos de Oliveira

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