Jamais esquecerei a maravilhosa mensagem que Ramana Maharshi me enviou pelos lábios de um amigo indiano (ele nunca escrevia cartas). Foi alguns anos antes de sua morte. Meu amigo estava visitando seu asham em preparação para uma viagem ao Ocidente, aonde estava sendo enciado em missão pelo governo. Há muito tempo eu estava sem contato com a administração do ashram e não havia a menor probabilidade de eu ver o santo outra vez. O visitante mencionou a Maharshi sua intenção de se encontrar comigo: haveria alguma mensagem da qual ele poderia ser portador? "Sim" disse Maharshi, "Quando o coração fala ao coração o que há para dizer?" Não sei se ele tinha consciência da existência de Beethoven no distante mundo da música ocidental, mas tenho certeza de que não poderia ter conhecimento de que a dedicatória da Missa Solemnis fosse "Que o coração possa falar ao coração". Essa é uma obra cuja rara execução me comove até o fundo quando a ouço, tão reverente, tão sublime ela é. Poucas pessoas sabem que o próprio Beethoven considerava a Missa a sua maior composição. Por certo é sua composição mais espiritual, uma perfeita expressão da ligação entre o homem e Deus.
Paul Brunton