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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

11 de maio de 2012

Sobre paciência e Iniciação espiritual


Antigamente, ser iniciado não era fácil. Era muito difícil. O próprio fenômeno era tal que tinha de ser difícil. A pessoa tinha de esperar anos para ser iniciada. Até mesmo por toda a vida, porque a menos que estivesse pronta não poderia ser iniciada.

Esse estágio de espera era, na realidade, um teste fundamental. Você é paciente? Pode esperar? Apenas na espera sua maturidade é revelada. Uma crianca não pode esperar nem por um momento. Quando ela quer um brinquedo, quer na mesma hora, não pode esperar. Quanto mais impaciente a mente, menor a maturidade.

Na antiguidade, as pessoas precisavam esperar por muitos anos antes de serem iniciadas. Essa espera era um teste básico. Era também uma disciplina. Os sufis, por exemplo, só iniciavam alguém depois de um determinado período de espera. Era preciso esperar, sem ficar questionando ao mestre quando seria a hora.

Enquanto isso, a pessoa deveria fazer algumas coisas. Por exemplo, se um sufi fosse sapateiro e você quisesse ser iniciado, deveria auxiliá-lo na fabricação de sapatos durante anos. E não poderia perguntar nem sobre a importância que haveria em fazer sapatos. Não poderia perguntar o que poderia acontecer através da fabricação de sapatos, como ela o auxiliaria a tornar-se auto-realizado, como você se torna divino através dela. Não poderia perguntar nada. Se perguntasse, poderia ser mandado embora, porque isso não era de sua conta. Saber o que é importante é assunto do mestre. Como você pode saber? Você não conhece o divino, então não pode saber como a fabricação de sapatos está relacionada com o divino. Não pode saber.

Por cinco anos, ficaria só esperando, auxiliando o mestre na fabricação de sapatos. Ele nunca falaria de oração ou meditação, nunca falaria de nada, exceto da fabricação de sapatos. Você esperaria assim por cinco anos. Mas isso é meditação! Não é uma meditação comum — você seria limpo através dela. Essa simples espera, esse esperar sem questionamentos, essa confiança total no mestre, tornaria o terreno pronto para uma completa rendição.

Alguma vezes, isso parece fácil, olhando de fora. Mas não é fácil; é muito difícil. Sua mente resiste, sua mente faz perguntas, sua mente cria problemas. Ela pergunta: "O que você está fazendo? Esta fazendo a coisa certa ou apenas desperdiçando seu tempo? Esse homem com sua fabricação de sapatos realmente tem algum valor? Isso está, de algum modo, relacionado com a busca?"

A mente continuará perguntando. Por dentro, você estará fervilhando e mesmo assim não poderá perguntar. Terá de confiar no mestre; terá de esperar pelo momento certo. Mas se puder esperar, até mesmo por um ano, sua mente tornar-se-á silenciosa por si mesma. Não poderá continuar, a menos que você a alimente diariamente, a menos que a ajude diariamente. A menos que se torne diariamente perturbado, transtornado, ela não poderá continuar. Você tem de ficar esperando enquanto a mente continua matraqueando e levantando questões. Precisa esperar e esperar até todas as perguntas tornarem-se finalmente sem sentido. No final, a mente estará exausta. Perderá o interesse, morrerá. Você continuará esperando e um momento chegará quando não haverá nenhuma pergunta.

Quando não houver nenhuma pergunta, então o mestre responderá. Exatamente no momento em que não há nenhuma pergunta dentro do discípulo é que o mestre responde, porque então você pode ouvir. Sua tagarelice parou. Agora, você está silencioso, transformou-se numa passagem.

Normalmente, você alimenta a mente o tempo todo. Mas, se não a alimentar, não precisará esperar nem por uma hora para ver se ela continuará. Ela não pode continuar porque não tem nada de permanente. Se ela não for continuamente reabastecida, irá embora por si mesma.

OSHO

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