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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

12 de maio de 2012

O que é um Grupo Esotérico e qual sua finalidade?


"Grupo esotérico" significa um grupo especificamente treinado para receber um determinado sistema de conhecimento. Como exemplo, podemos fazer uma analogia. Einstein referiu-se muitas vezes ao fato de que não existiam mais do que meia dúzia de pessoas no mundo com as quais podia se comunicar. Ele estava falando sobre o conhecimento matemático, não sobre conhecimento espiritual. Mas isso era um fato. Nem mesmo meia dúzia de pessoas existiam com as quais Einstein pudesse falar livremente, porque ele chegou a tais picos na matemática que não podia se comunicar através de símbolos matemáticos comuns. 

Se Einstein tentasse transmitir seu conhecimento para você, seria possível ouví-lo, mas não compreendê-lo. Ouvir apenas não é compreender. E quando você não compreende, existem muitas possibilidades de surgirem equívocos, porque da compreensão à não-compreensão existe um fenômeno intermediário de má interpretação. Ninguém está preparado para aceitar que não compreendeu; assim, quando há compreensão, isso não significa uma não-compreensão. Em noventa em nove por cento dos casos significa má interpretação, porque ninguém está preparado para admitir que não compreendeu. Todo mundo diz que compreendeu, então os equívocos se iniciam. 

A matemática não é um conhecimento esotérico e não se refere ao inexprimível. Ela tem existido continuamente por cinco mil anos. Milhares de mentes são treinadas em matemática. Todas as universidades em todo o mundo a ensinam; todas as escolas primárias a ensinam. Com tanto treinamento, tanto conhecimento, tantos departamentos em tantas universidades ensinando matemática, ainda assim Einstein dizia: "Existem apenas seis pessoas a quem posso comunicar o que sei". Se você compreender isso, então começará a compreender as dificuldades de comunicação das experiências espirituais.

Um grupo esotérico é um grupo especialmente treinado para trabalhar com um determinado mestre. Um Buda acontece só após milhares de anos. Se esse fenômeno, esse estado, é tão raro, como Buda poderá se comunicar ao se iluminar? Buda estará presente, o mundo estará presente, mas isso não significará nada. 

Buda não pode comunicar-se diretamente com o mundo; assim, um grupo esotérico, um grupo interno, é treinado. O treinamento é exatamente para que esse grupo possa agir como um mediador entre Buda e o mundo. Um grupo especial é treinado para compreender Buda e interpretá-lo para o mundo, porque entre Buda e o mundo existe uma fenda tão grande que Buda não será compreendido absolutamente. 

Referir-se a Jesus aqui será muito significativo. Jesus sofreu porque não havia nenhum grupo esotérico. Jesus teve de ser crucificado porque o abismo era tal que as pessoas comuns não podiam comprendê-lo. Isso tinha de acontecer, porque não havia um grupo entre Jesus e a massa. Não havia nenhum grupo que fosse capaz de compreender Jesus e converter essa compreensão para a massa. Não havia nenhum mediador entre os dois; assim, Jesus sofreu. Na Índia, nem Buda, nem Mahavir sofreram desse modo. Nenhum deles foi crucificado. Eles eram tão capazes quanto Jesus, mas só Jesus foi crucificado, porque nenhum grupo esotérico existiu para ele. O equívoco era inevitável. Tudo o que Jesus dizia era mal interpretado. 

É claro que Jesus teve seguidores, mas os seguidores de Jesus faziam parte da massa. Todos os seus principais discípulos vieram da massa, sem qualquer treinamento esotérico. Lucas e Tomé eram camponeses; eram parte da sociedade comum, inculta. Eles amavam a Jesus, eles o sentiam, mas tampouco podiam compreendê-lo. 

Assim, houve muitos momentos em que fizeram perguntas totalmente infantis. Por exemplo, alguns discípulos perguntaram a Jesus: "Qual será nossa posição no reino de Deus? Estaremos ao lado do divino, mas qual será o nosso lugar? Qual será nossa posição?" Eles não podiam compreender o que Jesus queria dizer por reino de Deus. Eles eram pessoas comuns. 

Mas um grupo esotérico não pode ser criado de repente. Buda acontece de repente, mas o grupo não pode ser criado de repente. Surge um Buda — esse é uma contecimento repentinoAssim, nos países que tem sido espiritualistas por milhares de anos, os grupos esotéricos existem como uma continuidade, como uma tradição, e quando há esse tipo de acontecimento, o grupo começa a trabalhar. 

(...)

Sempre que um mestre como Buda surge, o primeiro trabalho de um grupo esotérico é auxiliar como mediador. Outro trabalho desse grupo é preservar o conhecimento obtido. Buda atingiu algo supremo, mas quem poderia preservar isso? Preservar algo em livros não é preservar, porque o conhecimento é muito vivo e os livros são mortos. Apenas as palavras podem ser preservadas em livros, o conhecimento, não. O conhecimento só pode ser preservado por pessoas vivas, não por livros, porque os livros terão de ser interpretados — e quem os interpretará? Eles terão de ser decifrados — e quem o decifrará? Se alguém é capaz de decifrá-los, de interpretá-los de um modo certo, então essa pessoa pode lhe dar a mensagem sem os livros. Mas aqueles que dependem de livros não são capazes de interpretá-los corretamente. 

Você não pode ler qualquer livro que já não tenha conhecido de algum modo. Pode ler apenas a si mesmo e nada mais. Se estiver lendo o Dhammapada de Buda, não sera o Dhammapada  de Buda que estará lendo; será o seu Dhammapada. Você será seu criador. Sua interioridade encontrará a interioridade dos distos de Buda. Mas você não pode ir além de si mesmo; não pode ter um vislumbre de algo que está além de si mesmo

Assim, quando o conhecimento é alcançado — o conhecimento sutil, o conhecimento fundamental, o conhecimento supremo —, não pode ser preservado em livros. Só o conhecimento comum, o que não pode ser mal interpretado, o que qualquer escola comum pode ensiná-lo a interpretar,  pode ser preservado em livros. Se você souber ler, poderá conhecê-los. Mas o conhecimento supremo não pode ser preservado desse modo. Só pode ser preservado por intermédio de pessoas vivas. Daí o grupo esotérico, onde o conhecimento é transferido de uma pessoa viva para outra. E a transferência não é uma transferência mecânica, é uma arte.

(...)

Existem muitos grupos, mas a dificuldade sempre vem quando alguém morre e não há ninguém que possa substituí-lo. Então, um elo é perdido. E esse elo perdido aparece em todo ensinamento. E quando um elo é perdido, você não pode ser auxiliado pelo grupo, porque as fendas não podem ser preenchidas. Atualmente, há fendas no cristianismo, há muitas brechas. Existem brechas em todos os ensinamentos. Se uma parte é perdida, não pode ser substituída, a menos que uma pessoa como Jesus apareça novamente. Mais isso não é predizível; não pode ser arranjado, não pode ser planejado. Só o grupo de seguidores inicados pode ser planejado e criado. E pode ser usado sempre que houver alguém capaz de fazê-lo. 

OSHO
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