Há uma necessidade interna de sentido, de ação, de participação no dinâmico e silencioso movimento da vida, a qual provoca uma inquietude diante do estado de não ação que no momento se apresenta. A preocupação com os forçados compromissos financeiros pede por uma ação qualquer, uma ação que resulte no adquirir de um saldo que custeie o necessário, mesmo que essa ação produza conflito interno. Ao mesmo tempo, algo mais profundo pede pelo silêncio e indica que qualquer ação externa que não seja um transbordamento de uma amorosa resposta interna, só poderá ser fonte de constante conflito, tédio e mais insatisfação. A urgência interna por resposta, impele em buscar no externo, no insatisfatório conhecido. No entanto, há também a consciência de que o insatisfatório conhecido não tem como plenificar esse impulso que pede pelo desconhecido; há uma intuição que aponta para o desconhecido e, ao mesmo tempo, o medo, apontando pela busca de segurança no conhecido. Em meio a essa dualidade sem respostas, que impede o apaziguamento do ser, há a consciência do movimento do relógio. Não vejo sentido na adaptação, — como consegue fazer a grande maioria —, à estressante rotina mecânica de um emprego qualquer, destituído de alma, controlada pelo relógio, rotina essa que parece roubar de todos, a liberdade de ação, regida pelo coração. Lá fora, numa leve cadência, a chuva continua a cair sobre o velho embrutecido asfalto e, vencendo a segurança dos cantos das guias que produzem estagnação e a consequente deterioração, a água busca pela natureza de um solo, onde possa se fazer fértil.
NJRO
nj.ro@hotmail.com
NJRO
nj.ro@hotmail.com