O único convite implícito em Satsang é para que você abandone o conteúdo. Sinalizando o mesmo, Osho costumava usar a terminologia "to drop" – deixar ir, descartar. Este termo, no entanto, exige um certo cuidado ao ser compreendido, pois, quando falamos em "abandonar" ou "descartar", logo supõe-se um fazer, uma ação – que, por sua vez, supõe um sujeito –, e é aí que a grande maioria se perde.
O engano nasce quando você concebe a si mesmo como um colecionador de conteúdo, de conhecimento. Dessa forma, quando é sugerido que abandone a si mesmo, você se perde entre aquilo que deve ser abandonado e aquele que está a abandonar. Através do olhar correto, proponho uma outra forma – muito simples – de ver este quadro: todo o conteúdo é da mente e você não é a sua mente.
O que deve ser abandonado é a identificação com o conteúdo – que não tem nada a ver com você. Aquilo que acontece ao corpo é passível de tornar-se conteúdo apreendido pelo corpo. Aquilo que passa pela mente é registrado, elaborado e, na maioria das vezes, arquivado por ela. Você, no entanto, não tem nada a ver com isso!
Deixe que o corpo e a mente desfrutem de suas qualidades e interesses, e mantenha-se comprometido com a Observação inerente. Em ignorância, você tem se confundido com aquilo que é percebido e tem passado toda a sua vida ocupado com os sentidos. Mas aquilo que é percebido não é você.
Aquiete-se e comece a notar que todos os dias, por muitas vezes, ocorrem momentos sem nenhum conteúdo, sem nenhum pensamento. Você foi condicionado, treinado, forçado e empurrado a não perceber estes momentos. Agora, portanto, este deve ser o seu maior deleite: voltar-se à sua natureza original.
Satyaprem