Através da prática da observação sem escolhas, do testemunhar sem resistências, da sutil e atenta escuta de nossos pensamentos, sentimentos e sensações corporais, vamos nos tornando profundamente conscientes do falso e, através dessa consciência do falso, ocorre sem esforço de nossa parte, o processo de descondicionamento mental, sem o qual, torna-se impossível a manifestação do "Caminho do Retorno" ao nosso estado original de Consciência Pura, não contaminada pela excessiva exposição a ação da rede do pensamento coletivo. Esse é o processo de "Volta ao Lar", o prodigioso processo do "Filho Pródigo". Nesse processo, toda forma de apego se dissolve e, com eles, toda manifestação de ansiedade, medo e sensação de separatividade. Nesse processo retornamos à nossa originalidade esquecida, ao nosso tão sonhado "Eldorado", à nossa tão esperada "Terra Prometida". Esse processo de volta ao lar, este caminho de retorno é o processo da retomada da consciência; não se trata de um processo de evolução da consciência, uma vez que, a consciência, em si, já É O Que É. Ela sempre esteve ai, apenas, devido a nossa ignorância, permaneceu encoberta pela identificação ilusória com a herdada e disfuncional rede de condicionamentos coletivos, com o ego social. Essa observação sem escolhas, assemelha-se a um descascar de cebolas, onde, no reconhecimento de cada camada de condicionamento, uma casca é retirada. Se somos sérios, se temos a necessária paixão, apesar das lágrimas, a essência — que não pode ser presa pelo mundo das aparências — se manifesta aos nossos sentidos e para além deles, Naquilo que somos em nossa real natureza. Na sutil escuta atenta — que se dá não através de nossos ouvidos físicos, mas sim através de nossos ouvidos espirituais — O Que É se manifesta e, nessa manifestação, todo falso se dissolve. A volta ao lar, o caminho do retorno é o constato consciente com a consciência que somos, com a Consciência Real. Quando esta escuta começa a se manifestar com clareza, nos tornamos conscientes da instalação de um estado de harmonia interior — nunca antes vivenciada — a qual se reflete de modo natural, sem esforço algum de nossa parte, em nossas relações com o exterior. Através dessa escuta, somos tocados por uma graça que nos propicia uma ilimitada, amorosa e desprendida capacidade de visão, a qual nos liberta de nossos antigos e recalcados apegos e preconceitos, que nos mantinham num labirinto de posturas defensivas, resultantes de nossas ansiedades e medos.
NJRO