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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

26 de janeiro de 2012

Quando o "eu" está presente não há comunhão


É possível a ocorrência de um estado de comunhão, de profunda intimidade com algo ou alguém, se a mente permanece num movimento constante de "tagarelice", de divagação, de formação de desconexos monólogos internos ou na dispersão causada pela lembrança de coisas feitas ou por fazer? 

É possível comungar ou estar em intimidade sem a presença de um estado de quietude e tranquilidade, sem um senso de separação, de distanciamento das coisas, dos preconceitos, das imagens e dos achismos? 

Igualmente, para se estar em comunhão com um problema, não se faz necessário observação completa, isenta de identificação? Os nervos, o cérebro, o corpo, toda estrutura não precisa estar quieta? Não seria só nesse estado que a observação sem a identificação pode acontecer? Não seria esse o único estado em que é possível a compreensão do problema?

Para se compreender completamente um problema é preciso estar em comunhão com ele. Mas, se o indivíduo está inconsciente do movimento de seu egocentrismo, de seu egoísmo, se sofre a constante compulsão pela reativa expressão pessoal e outras tantas infantilidades, há como se ver livre do estado de mente vulgar, causadora de todo problema que impede a capacidade de comunhão? 

Para que ocorra a comunhão e a compreensão, não é  importante a capacidade de observação sem qualquer forma de identificação causada pela interferência do pensamento? Estar em comunhão não significa a ausência de qualquer barreira criada pelo pensamento entre o observador e aquilo que está sendo observado?

Para estar em comunhão com alguém ou alguma coisa, é preciso de espaço, silêncio, quietude; o corpo, a mente, o coração, todo o ser precisa estar quieto, completamente sereno. Se está em ação o mecanismo de pensamento, de argumentação mental que instala a barreira das palavras reativas não há como ocorrer o estado de comunhão. 
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