Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

9 de janeiro de 2012

A meditação e o mergulho no Eu


Com relação a meditação, muitos se queixam de falta de tempo. Alegam: "Eu gostaria muitíssimo de praticar a meditação, mas realmente não disponho de muito tempo." Depois de um minucioso interrogatório, geralmente notamos que eles estão ocupados fazendo isto ou aquilo, que não lhes sobra tempo para fazerem a única coisa importante. O insignificante, o trivial, o frívolo lhes prende a atenção. Não ousam sacrificar um momento de seu círculo de festas quando a maior de todas as festas — a vida — está ainda à espera de sua vez. Em primeiro lugar as primeiras coisas. Sempre lhes falta tempo para irem ao encontro de si mesmos, porém, sempre procuram achar tempo para tudo o mais que acreditam ser necessário. Não concebem que não se pode descobrir tarefa mais necessária do que a do autoconhecimento.

Se você não pode achar tempo para o divino, como pode o divino achar tempo para você? O homem que durante todo o dia abandona todo pensamento por Deus, não deve lamentar, quando lhe chega a hora, que lhe parece estar completamente abandonado por Deus. 

Cada qual tem tempo para as coisas que ele mais valoriza, e se valorizar suficientemente a quietude mental, achará o tempo necessário. Não importa muito se de manhã, à tarde ou à noite. E não importa muito quão breve seja o tempo que você lhe dedique, embora, talvez, um período de vinte minutos fosse realmente o mínimo mais prático, simplesmente porque a meditação leva uns tantos minutos para ser iniciada, para ser colocada em marcha, antes de você entrar na prática propriamente dita. Seguramente, vinte minutos não é um período demasiadamente longo a ser pedido a alguém. 

Mesmo que você não possa dispor desse período — e dificilmente posso imaginar qualquer ser humano que esteja em tão infeliz situação — então, doze minutos valeriam muitíssimo, se você se sentasse e dissesse para você: "Durante este breve intervalo eu apagarei tudo. esquecerei totalmente minha vida pessoal, mergulharei em meu interior e procurarei o alívio, a libertação que se tem de encontrar ali dentro". Se você fizer isso com suficiente intensidade e a maior determinação, cada vez, finalmente não deixará de encontrar algo valioso.

Não aprendemos o tremendo valor da existência física ou a importância de um sábio emprego de nosso tempo. Só podemos entrar no céu depois da morte tão só depois de havermos entrado nele enquanto em vida. Eis o valor da vida encarnada; que eu saiba, não existe outro valor mais importante.

Devemos nos esforçar para encontrar uma conveniente proporção entre a atividade e o repouso, ou então perderemos o único bem real que a vida tem a nos oferecer. É verdade que raramente nos encontramos numa posição de podermos nos dar ao luxo de um demorado devaneio. Por isto não temos de censurar nossas estrelas, nosso meio ambiente, ou nossos amigos. Aceitamos pacificamente a sociedade onde nascemos; nos submetemos espontaneamente quando ela nos impõe e aprisiona. Para lograr um lugar reconhecido na sociedade, seja o de simples cidadão ou de rei, temos que forçosamente pagar o preço da liberdade. Só os que estão preparados para desatender as pretensões da ambição e críticas da sociedade, e atentar para o mandato do verdadeiro eu, tem direito ao tempo de devaneios. E assim os deuses ordenam as coisas que desejam. 

Não existe realmente nenhuma restrição quanto ao tempo ou lugar adequado para começar esta prática. Comece logo, onde quer que você esteja; faça-a segundo as normas prescritas, e procure mergulhar no fundo do Eu.

Paul Brunton
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...

Que bom que você chegou! Junte-se à nós!