Quão intensa é a afirmação para nós mesmos de nossa
insignificância em relação aos fatos marcantes de nossas vidas?
Dedicar-se com afinco em curso preparatório para a
conquista de alguma posição acadêmica ou profissional é de suma importância,
alguns poderiam dizer e, realmente, eu concordo, faz a diferença na vida de uma
pessoa. É inegável a importância e o marco obtido através de um diploma ou
certificado de algum curso no referente à remuneração que dita a melhor, ou
pior, condição material de vida.
No entanto, sabemos de incontáveis pessoas detentoras de condições
materiais satisfatórias de vida sem que tenham, ainda, nenhum fato indelével no
fundo de suas almas. Podem ter conquistado o diploma de segundo grau, o
vestibular, um ótimo emprego; podem ter vivido as agruras de um acidente, a morte
de um ente querido, a doença, o desprezo de uma paixão; o casamento, o
nascimento do primeiro filho e tantos outros eventos considerados marcos na
vida sem, contudo, que nenhum deles tenha realmente deixado marca inextinguível
e eterna.
Existem eventos que permanecem por longa data em nossas
mentes e emoções, correspondendo ao encargo de grandes marcos em nossas vidas. Deixam
marcas consideradas indeléveis, mas que exercem, apenas, o papel de expurgos.
Realizam a função ingrata de, por meio delas, desobstruirmos as vias de acesso
à poção infinitesimal de nossa constituição.
Nesta poção infinitesimalmente pequena de nossa constituição
não cabem os títulos que, porventura, tenhamos colecionado; não cabem as
dezenas de metros em ataduras usadas nas nossas feridas, nas feridas físicas e
nas emocionais; não cabe a quantidade de lágrimas vertidas, nem as ondas
sonoras dos risos prazerosos; não cabem as horas de insônia e preocupação, nem
as muitas horas de trabalho duro...
Retrucaria você:
—
Poxa! Mas, então, não cabe nada aí nesta
poçãozinha de nada?
—
Isto mesmo, responderia eu, cabe apenas o
nada... o Nada que é Pleno... o Pleno que é a Divindade... o Deus que é você!
LibaN
RaaCh