Estar em condições de testemunhar, nos outros, ao jogo de
atitudes objetivando uma reação nossa pré-estabelecida é doloroso porque
evidencia o desespero e a profunda dependência do outro por uma reação dentro
de medidas adequadas.
Ao não corresponder à adequação esperada, a vontade
pessoal não realizada leva à frustração, ao sentimento de derrota que produz
agressividade visando o impossível: adequar o outro às vontades pessoais.
Há a crença de que esta é a atitude mais indicada para a obtenção
de resultados rápidos. Entretanto, este modelo de relacionamento tem demonstrado
eficácia apenas em estruturas militares e despóticas. Mesmo assim, uma eficácia
duvidosa por se aplicar, tão somente, a contingências de guerra declarada.
Ainda predomina na sociedade ocidental a cultura da competitividade
(a meu ver, uma guerra velada que dilacera, de forma sub-reptícia, a inata inclinação assistencial humana: o mais forte prestando assistência ao mais
fraco, ao invés de querer exterminá-lo, como quer exterminar a todos que
demonstram força de combate).
É doloroso testificar que os bons antecedentes culturais
estão profundamente arraigados nos que são eleitos ‘cidadãos exemplares’ por
aqueles que alimentam interesses velados.
Mais doloroso ainda é testemunhar, em mim, o mesmo
fundamento combativo do que está sendo aqui exposto e criticado como
pertencente ao fulcro cultural formador da civilização.
Com que direito posso eu me arvorar pacificador se, na exposição
destas atitudes, há o tom combativo?
A única maneira de me apaziguar, ou apaziguar quem tem
sede de combate, quem tem sede de competir; de apaziguar quem está inserido –
até a sua última gota de sangue – em contexto onde só existem vencedores ou
perdedores; é mostrar-me perdedor, sendo vencedor!
Convencido da derrota e buscando vitória, estaremos continuamente
enredando esforços em trincheiras intermináveis. Sempre em busca de qualquer
pessoa, ou doutrina, ou cargo, ou título, que possa acenar com a menor
possibilidade de reforço.
Até esgotarmos todas as possibilidades e atestarmos,
soterrados nas trincheiras do ego, tomados por patologias físicas e psíquicas, a
imprevidência de tantos esforços de guerra ou armistícios.
LibaN RaaCh