(tributo a N J R O)
Há uma estreita proximidade entre crueza e crueldade.
Entre o percebimento cru de posturas pessoais, ou alheias, e a ausência de
generosidade nas considerações levadas a cabo desta forma crua.
A consideração de atitudes pessoais, quando levadas às
últimas consequências, quando levadas aos termos mais profundamente ocultos,
encontra, sempre, o medo do desamparo e da solidão... o medo de ser banido a
território incomensuravelmente árido e inóspito... a terras onde se pratica o
egocídio... às trevas onde ocorrem egocídios! Onde há a elucidação cruel – involuntária e
sem escolha – das mínimas atitudes pessoais como sendo estimuladas por motivos
egóicos e das motivações egóicas no vasto cenário
social testemunhado diariamente.
A realidade das relações se apresentando absolutamente
despida de todas as suas vestes tão bem esculpidas na alfaiataria dos bons
modos sociais, ou dos modos politicamente corretos, ou ainda do alinhavar sutil
de uma espiritualidade bem consolidada, é o decreto – tácito e irrevogável – de
nosso exílio, de nosso banimento, com prazo indeterminado, às terras do
Nunca...
Mesmo assumindo a sentença crua de viver abandonado na cela solitária,
à qual somos levados por este percebimento sem trégua, o acreditar-se no desamparo rigoroso facilmente se torna desespero enlouquecedor!
Quem, ou o que, possui a real propriedade da supremacia
sobre este Caos?
Nenhuma religião isolada detém a capacidade de impor um
termo final a este estado de isolamento involuntário.
Por quanto tempo – ainda – terei que me fartar do dissoluto
antes que me venha o Absoluto?
LibaN RaaCh