Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

16 de dezembro de 2011

C'est la vie é isso?

Tendemos a adotar uma maneira de ser e de fazer, uma maneira de pensar e de sentir, uma maneira de agir, ou reagir, ou nem uma, nem outra.

O comum nestas tendências é que elas estabelecem a nossa identidade. Com minha identidade posso afirmar que sou alguém, ou que sou ninguém, mas que sou alguma coisa porque não suporto a ideia do ser nada.

A esta ideia do nada, a esta sensação do nada, do vazio, é que devo devotar minhas mais altas honrarias, pois ela é a essência do que sou em verdade e em natureza real. Mesmo se contra ela eu faço coisas a título de “tapa-buraco”. O buraco será tapado; mas, dentro em pouco, ele reaparece porque o material usado para tapá-lo não tinha qualidade.

Qual material está devidamente qualificado a tapar o buraco?

Nenhum. Porque o buraco não é de natureza material. Apesar de haver no mundo sortimento insaciável de material para funcionar como tapume.

O uso contínuo destes materiais conduz, infalivelmente, ao entibiamento... à tibieza e nada mais. Conforme vamos ficando mais e mais entediados com o uso de material inadequado para tapar o nosso buraco, acreditamos que chegaremos a um ponto extremo em que não haverá mais saída, senão o tapamento definitivo do buraco.

Contudo, este ponto extremo tem a propriedade de ficar sempre um pouco mais além de onde já chegamos. E o tamponar definitivo fica adiado... e adiado...

É possível que fique por uma existência inteira adiado... (Como é possível dizer que uma existência pode ser considerada inteira com a realidade de um buraco enorme a céu aberto?)

Nem mesmo os insistentes apelos aos céus conseguem encobrir o buraco em definitivo. O que estes apelos proporcionam é uma ponte sobre o buraco. Mas a ponte é levadiça. Quando menos esperamos, ela não está abaixada para que passemos.

A impressão que eu tenho é que a existência encarnada se assemelha a um percurso espiralado – cheio de buracos –  pelo qual somos, irremediavelmente, forçados a caminhar; algumas vezes, caindo nos buracos – quando a ponte não está abaixada – outras vezes, passando imune – quando a ponte levadiça se apresenta.

É só isso mesmo?

LibaN RaaCh

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