Mas, por que deveria eu me abrir ao sofrimento alheio quando
mal consigo conviver com o meu próprio sofrimento?
Enquanto ainda permanecermos neste paradigma, o melhor mesmo
é ficar ‘curtindo’ o próprio sofrimento.
‘Curtindo’... como se faz ao depurar um molho de tomates.
Deixa-se o molho em fogo baixo para que a ação contínua e
lenta e suave do fogo elimine os excessos que deixariam o molho aguado. Como a
abrasante mágoa faz emergir lágrimas embargadas na garganta. Como as lágrimas
escorridas eliminam os nós na garganta e depuram as intragáveis mágoas que nos
queimam por dentro.
Neste Natal, junte à sua solidão a solidão do outro e viva o
milagre da comunhão.
A pitadinha de açúcar para quebrar a acidez do tomate – segredo
da boa cozinha, segredo da receita da vovó – é dada na partilha honesta de
nossa mais profunda e solitária dor com alguém de escuta verdadeiramente solidária e isenta de julgamentos.
LibaN RaaCh