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Aviso aos navegantes
Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...
28 de dezembro de 2011
Adeus!
Adeus, mundo ingrato, vou-me embora!
Amigo meu não és, nem teu sou.
Muito tempo entre a turba vaguei,
Qual barca perdida no oceano;
Mero joguete muito tempo fui;
Mas agora, mundo ingrato, vou-me!
Adeus digo à vil bajulação;
À ríspida e fútil soberbia;
À vã arrogância da fortuna;
À toda sorte de servilismo;
Aos salões, às cortes e às ruas;
Aos empedernidos e apressados;
Aos que de cá e de lá correm.
Adeus, mundo ingrato, vou-me embora!
Vou-me de volta à minha morada,
Em verdes colinas isolada, —
Canto secreto em país ameno
Cujos bosques fadas planejaram,
Onde sorri a vida sem cessar
Ao canto alegre da passarada,
E pés profanos jamais pisaram,
Recanto sagrado a Deus e ao mundo.
Posto a salvo em seu refúgio
Espezinharei o antigo orgulho,
E estirado sob os pinheirais,
Onde brilha a vespertina estrela,
Rir-me-ei das humanas histórias,
Dos escolásticos e letrados,
Que eles nada são em sua altivez,
Pois nas matas se pode achar Deus.
Ralph Waldo Emerson