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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

17 de dezembro de 2011

A cada um, seu quinhão!


O que mais admiro nos outros é o sincero desejo, a vontade indisfarçável, em ajudar. Algo que não  é passível de dissimular. Esta constatação ganhou clareza inédita especificamente hoje, enquanto estava – de manhãzinha, lá por volta das 6h – tentando continuar dormindo.

Foi-me mostrado que, por causa desta minha severa inclinação, sempre tive comportamentos taxados como rebeldes no decorrer da minha vida.

Achava absurda a atitude evidente e preferencial na defesa de interesses exclusivamente pessoais. O convívio com pessoas que tinham atitudes acintosamente egoístas me deixava inseguro e incerto. A começar pela minha própria família, com exceção da minha mãe que executava tarefas domésticas desgastantes em favor de todos, ao custo de sacrifícios pessoais.

Nos dias de hoje, tenho feito questão em conservar em meu convívio, ao meu lado, portanto; pessoas com as quais eu sinta esta disposição sincera e despojada em ajudar o outro.

A minha presença, eu a tenho compartilhado com pessoas deste calibre. Com pessoas dispostas a desenvolverem esta calibrada potência humana. As outras pessoas, com quem tenho evitado conviver, fizeram suas próprias escolhas muito antes de minha chegada a este mundo. Após estas escolhas serem reincidentemente confirmadas em atos, em comportamentos e em atitudes, resta, a cada um, conviver o resto dos seus dias com as escolhas feitas, procurando não ficar estagnado pela culpa. Que cada um fique com seu quinhão.

De minha parte, faço questão de confirmar a mim mesmo a minha escolha em oferecer a partilha do meu convívio, em oferecer a minha mais profunda amizade, a quem pressinto esta devotada solidariedade – ainda que minimamente manifestada – esta atitude desapegada em querer (com todas as suas forças disponíveis até o presente instante) beneficiar o outro.

O outro que, na maioria das vezes, encontra-se em região absolutamente inacessível ao mais poderoso dos mortais e que, no entanto, está ali... bem perto de mim... do meu lado... ao alcance da minha mão... mas que, tão somente, a mão imbuída da mais completa nulidade de interesses pessoais pode alcançar com seu toque.

Para isto é preciso possuir... ou estar possuído (‘estar possuído’ descreve melhor esta Dádiva da Graça) de uma potência humana que suscita a seguinte convicção:

         —Estou revestido com a impermeável capa de amor incondicional e sou capaz de dar um pontapé na porta do Inferno mais profundo e esquecido em amparo a alguém!

A quem foi dispensado um tratamento deste sagrado calibre, este alguém guarda – no seu mais secreto íntimo – a potência de dispensar este mesmo tratamento a quem dele tiver real precisão.

Quantos de nós, eu pergunto, quantos de nós podemos afirmar possuir uma amizade tão incondicionalmente amorosa detentora desta sagrada potência?

Eu, particularmente, conheço duas pessoas que vivem esta postura sacrificial de um em relação ao outro (Nelson e Deca). O quanto um iria até o inferno mais denso e pesado, não só em nome do outro, mas, também, em nome de qualquer um outro que precisasse, que realmente precisasse...

Partilhar o convívio com pessoas deste calibre é privilégio... privilégio de quem ousou fazer escolhas de semelhante padrão sacrificial!

LibaN RaaCh
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