Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

28 de dezembro de 2011

O Graal que não é santo





Gosto de me sentir abrigado. De estar em lugar que tenha quietude e privacidade. De ter um lugar para ficar sem ser incomodado. Um lugar para ficar tranquilo, sem ninguém a me dizer o que devo, ou não, fazer.

Sei o que devo fazer. Conheço os afazeres prioritários. São eles o estar de bem comigo mesmo e de bem com o Supremo, com a Suprema Inteligência Amorosa.

Todos os demais afazeres, no fundo, buscam este resultado. Se já tenho este resultado, por que me preocupar com outros afazeres?

Ao estar em paz comigo, a perturbação existente no outro o deixa inconformado com isto. Interpreta como passividade, como acomodação; e se pergunta:

— Como é possível a uma pessoa como ele (eu, no caso) viver em um estado de tranquilidade e acomodação, sem nenhuma garantia de um futuro promissor, sem nenhuma dedicação em busca de um futuro promissor, sem dedicação a futuro algum; enquanto eu (ele, no caso, o perturbado) vivo tendo mil e uma coisas para fazer, para serem feitas ainda, até que tenha condições suficientemente seguras para conseguir me acomodar em uma realidade repleta de animosidades?

É inadmissível ao nascido e criado sob um contexto beligerante a existência de alguém capaz de estar tranquilo sob o mesmo contexto. A insurgência de uma necessidade entranhada de aniquilamento desta tranquilidade é quase inevitável. De fato, a coexistência de alguém aquietado é uma ameaça ao modo de vida agitado, inquieto e cheio de incertezas, ao modo de vida voltado a aquisições que buscam suprir os sentidos físicos, que buscam saciar os sentidos orgânicos através dos próprios esforços.

Conforme há a recompensa no processo deste modo de vida – pois é típico do mundo material recompensar esforços voltados a adquirir as coisas dele – ocorre o fechamento do ciclo, do ciclo antropofágico, no qual tendemos a permanecer indefinidamente...

Até sermos impactados!

Na maioria das vezes, a ação impactante procede de um acontecimento adverso, violento, traumático e profundamente doloroso. De outra forma, não serviria ao seu propósito.

O cálice onde nos é ofertada esta bebida amarga, pode ser quintessenciado em Graal para o despertar de nossa divindade!

Felizes os traumatizados; estão a centenas de passos à frente dos considerados sãos pela conquista de um porto inabalavelmente seguro.

LibaN RaaCh

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