Velados estão vossos olhos com grande número de véus. Cada coisa sobre a qual lançais o olhar é um véu. Selados estão vossos lábios com grande número de selos. Cada palavra que pronunciais é um selo. As coisas, sejam quais forem suas formas e espécies, são somente véus e faixas com que a Vida está envolvida e velada. Como poderão vossos olhos, que são em si mesmos um véu e uma faixa, conduzir-vos a algo que não sejam véus e faixas? E as palavras – não são elas coisas seladas por letras e sílabas? Como poderá vosso lábio, que é em si mesmo um selo, pronunciar algo que não sejam selos? O olho pode velar, porém não pode penetrar os véus. O lábio pode selar, porém não pode romper os selos.
Para penetrar os véus, necessitais de um outro olho que não o dotado de pestanas, pálpebra e sobrancelha.
Para romper os selos, necessitais de outro lábio que não o familiar pedaço de carne que tendes por baixo do nariz.
Vede em primeiro lugar corretamente os vossos próprios olhos, se quiserdes ver corretamente as outras coisas. Não com o olho, mas através dele deveis dirigir vosso olhar, de modo que possais ver todas as coisas que estão além dele.
Que primeiro os lábios e a língua falem corretamente, se quiserdes falar corretamente as outras palavras. Não com o lábio e a língua, mas através deles deveis falar, de modo que possais espargir todas as palavras que estão além deles.
A menos que vejais e faleis corretamente, nada mais vereis senão a vós mesmos e nada mais pronunciareis senão a vós mesmos, porque em todas as coisas e além de todas as coisas, em todas as palavras e além de todas as palavras, estais vós – o que vê e o que fala.
Se, pois, vosso mundo é um enigma indecifrável, é porque vós mesmos sois enigmas indecifráveis. Se vosso falar é uma confusão deplorável, é porque vós sois essa confusão deplorável.
Deixai as coisas como elas são e não vos esforceis para modificá-las, porque elas parecem ser o que parecem devido a parecerdes ser o que pareceis. Elas não vêem nem falam se vós não lhes emprestardes vista e fala. Se elas vos falam asperamente, atentai unicamente para vossa língua. Se vos parecem feias, examinai em primeiro e último lugar vosso olho.
Não peçais às coisas que deixem cair seus véus. Desvelai a vós mesmos, e as coisas vos serão desveladas. Não peçais às coisas que rompam seus selos. Rompei os selos de vosso próprio ser, e todas as coisas perderão os seus.
Fonte: O Livro de Mirdad
Para penetrar os véus, necessitais de um outro olho que não o dotado de pestanas, pálpebra e sobrancelha.
Para romper os selos, necessitais de outro lábio que não o familiar pedaço de carne que tendes por baixo do nariz.
Vede em primeiro lugar corretamente os vossos próprios olhos, se quiserdes ver corretamente as outras coisas. Não com o olho, mas através dele deveis dirigir vosso olhar, de modo que possais ver todas as coisas que estão além dele.
Que primeiro os lábios e a língua falem corretamente, se quiserdes falar corretamente as outras palavras. Não com o lábio e a língua, mas através deles deveis falar, de modo que possais espargir todas as palavras que estão além deles.
A menos que vejais e faleis corretamente, nada mais vereis senão a vós mesmos e nada mais pronunciareis senão a vós mesmos, porque em todas as coisas e além de todas as coisas, em todas as palavras e além de todas as palavras, estais vós – o que vê e o que fala.
Se, pois, vosso mundo é um enigma indecifrável, é porque vós mesmos sois enigmas indecifráveis. Se vosso falar é uma confusão deplorável, é porque vós sois essa confusão deplorável.
Deixai as coisas como elas são e não vos esforceis para modificá-las, porque elas parecem ser o que parecem devido a parecerdes ser o que pareceis. Elas não vêem nem falam se vós não lhes emprestardes vista e fala. Se elas vos falam asperamente, atentai unicamente para vossa língua. Se vos parecem feias, examinai em primeiro e último lugar vosso olho.
Não peçais às coisas que deixem cair seus véus. Desvelai a vós mesmos, e as coisas vos serão desveladas. Não peçais às coisas que rompam seus selos. Rompei os selos de vosso próprio ser, e todas as coisas perderão os seus.
Fonte: O Livro de Mirdad