Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

10 de fevereiro de 2012

Alarga os teus Horizontes!


Eu era prisioneiro do cárcere do meu corpo — como prisioneiros eram milhares de meus semelhantes. 

E, por haver tantos outros presos, à direita e à esquerda, a minha prisão me parecia coisa normal. 

Estar encarcerado era a condição natural de todo homem, dizia eu — e não procurava a liberdade. 

Olhei em derredor — era tudo grade de ferro...

Comecei a chamar essa minha prisão a minha casa, o meu palácio. 

E, para me iludir mais eficazmente, pintei com todas as cores do disfarce e da auto-sugestão o meu querido cárcere — com pó de bronze, com tintas de prata e de ouro. 

E achei notável conforto na prisão-palácio do meu corpo. 

Iluminei com as luzes da inteligência o meu cárcere físico-mental, instalei-me confortavelmente nesse habitáculo terrestre — totalmente esquecido da minha cidadania cósmica — dos vastos horizontes do além, do azul dos céus acima, da imensa epopeia de vida e alegria que cantava por todas as latitudes e longitudes do universo de Deus. 

Um dia, porém, à complacente sombra do meu cárcere-palácio, ouvi uma voz estranha que estranhamente me falava de coisas estranhas...

Falava de "liberdade" — da "gloriosa liberdade dos filhos de Deus"...

Falava-me da "verdade libertadora" — mundos ignotos para mim...

escutei, escutei, escutei...

Donde vinha essa voz? De fora? — Não, de dentro de mim, das longínquas regiões de dentro, dos profundos abismos do meu próprio ser...

Era minha alma que falava  — com irresistível silêncio...

Minha alma, crística por sua própria essência — imagem e semelhança de Deus, participante da natureza divina...

Fiz calar todos os ruídos em derredor a fim de ouvir o silêncio de dentro.

E o silêncio me falava — e, quanto mais eu me calava, tanto mais ele falava...

Percebi, não com os sentidos; compreendi, não com a mente — vivi com o espírito a grande mensagem de minha alma... 

A bradar silenciosamente os seus "ditos indizíveis"...

E no meio deste trovejante silêncio de dentro desabaram as muralhas de Jericó, diluíram-se, como cera ao sol, as barras de ferro dourado de minha prisão-palácio...

De todas as minhas prisões — que eram "legião"...

E, quando voltei a mim dos mundos longínquos que invadira sobre as asas brancas de minha alma, olhei em derredor — e não havia barreira em parte alguma...

Ante meus olhos se espraiava, ilimitado, o universo de Deus, o Infinito, o Eterno, o Incomensurável...

E eu me sentia um com o Pai dos céus...

E na luz impetuosa dessa consciência cósmica morreram todas as minhas pequenezas e mesquinharias de outrora — o temor e o ódio, as impiedosas críticas e murmurações, as queixas e susceptibilidade, desapareceram a moléstia crônica do "querer-ser-servido" e nasceu a vigorosa saúde do "querer-servir".

O reino dos céus despontara em mim — e eu estava no reino dos céus...

Saíra do estreito cárcere do meu pequenino Eu humano — e entrara no vasto universo do Tu divino...

Alargara os meus horizontes ao Infinito...

Huberto Rohden

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