Quem diria que tão vastas energias se recatassem no pequenino átomo físico — e no misterioso átomo humano?
Esse átomo, que parece algo estático, imóvel, substancial — mas que é um imenso universo de forças de inconcebível potência...
Mas, como libertar essas forças ocultas? Como romper esse invólucro que as encerra?
Deveras? Árdua tarefa é essa, da desintegração atômica!
Para a fissão do núcleo atômico físico construiu o intelecto humano gigantesco cíclotons com milhões de voltas.
Mas, para romper o núcleo atômico humano não bastam cíclotons, nem que gerem milhões e bilhões de volts.
É necessário que uma potência cósmica de fora se alie à força cósmica de dentro e rompa o duríssimo invólucro do ego — a onipotência do Amor.
O Amor, filho duma grande compreensão da natureza divina do Eu.
Compreender o seu verdadeiro Eu é ser libertado do falso Eu — do pseudo-ego físico-mental.
Quando um átomo humano se desintegra, abrindo o invólucro do ego pela força do Amor — tudo é possível ao redor desse homem, porque dentro dele aconteceu a maior coisa que pode acontecer.
"Se o grão de trigo não morrer, ficará estéril — mas, se morrer, produzirá muito frutos."
O não-rompimento significa esterilidade —o rompimento diz fecundidade.
Na razão direta da sua desegoficação cristifica-se o homem.
E na razão de sua cristificação torna-se o homem uma benção para o mundo inteiro.
Energias inéditas e jamais suspeitadas irrompem do seio duma alma que aboliu definitivamente toda e qualquer espécie de egoísmo e iniciou uma vida de altruísmo e amor incondicional.
"Torrentes de águas vivas jorram do seu seio".
Torrentes, não de destruição, mas de construção.
Redime-te, ó homem, da irredenção do teu ego — e Deus se servirá de ti como arauto para grandes coisas.
Deus não pode servir-se dum homem que serve ao ego, porque ninguém pode servir a dois senhores: a Deus e ao ego.
A condição única para que Deus realiza grandes coisas por meio do homem é que ele reconheça que nada pode fazer por si, quando separado de Deus.
Quando o homem, rompendo os invólucros periféricos do pseudo-Eu, descobre a sua verdadeira natureza divina, o seu Cristo interno, o reino de Deus dentro dele — tudo pode acontecer no mundo externo.
Pode acontecer essa coisa inaudita: que o homem se esqueça de si mesmo para pensar nos outros — que queira fazer felizes a todos sem se lembrar da sua própria felicidade.
E verificará, depois, que Deus faz feliz a quem, por amor de Deus, abre mão da felicidade...
Pela desintegração do ego integra-se o homem em Deus — e quem está integrado em deus, está a serviço de toda a humanidade...
"Se o grão de trigo não morrer... mas, se morrer..."
Huberto Rohden