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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

2 de fevereiro de 2012

Auto Investigação Quem Sou Eu? (parte 2)

AUTO-INVESTIGAÇÃO
RAMANA MAHARSHI
TÉCNICA DE MAHA-YOGA-VICHARA
QUEM SOU EU?


Instruções de Bhagavan Sri Ramana Maharshi - Tradução da versão revisada do original em Tamil publicada por T.N. Venkataraman, Presidente Sri Ramanasraman em Tituvannamalai em 1957)

CAPÍTULO 3

O Mundo

Neste capítulo é demonstrado que o mundo não tem realidade por si próprio e não está separado do Ser.

1 - Criação: O objetivo primacial das Escrituras é desvendar a natureza falaciosa do mundo e revelar o Supremo Espírito como única realidade. 

Elas formularam a teoria da criação com esta única finalidade em mira. Vão até mesmo às minúcias e entretêm a classe mais baixa de buscadores da Verdade com a narrativa da aparição sucessiva do Espírito, do desequilíbrio da consciência refletida, dos elementos fundamentais, do mundo, do corpo, da vida e assim por diante. Todavia, para a classe mais elevada de buscadores, as Escrituras dizem, em síntese, que o mundo aparece, como panorama em um sonho, com aparentes objetividades e existência independente devido à ignorância do indivíduo, e à consequente obsessão de pensamentos importunos. Procuram demonstrar a falsidade do mundo para revelar a Verdade. Aqueles que realizaram o Ser por experiência direta e imediata percebem, sem sombra de dúvida, que o mundo fenomenal, como realidade objetiva e independente, é de todo não-existente. 


Como o Ser, conforme descrito na classificação acima, é Consciência pura e tem cognição de tudo, Ele é o observador final. Todos os demais, ego, mente, etc. são objetos uns dos outros. O sujeito de uma linha torna-se objeto na seguinte. De sorte que todos eles, exceto o Ser ou a Consciência Pura, são meramente objetos exteriorizados e não podem, portanto, ser o verdadeiro observador. O Ser não pode ser objetivado porque Ele não pode ser objeto de cognição por parte de qualquer coisa mais. Embora seja Ele o observador que observa tudo, ainda assim a relação sujeito-objeto e a aparente subjetividade do Ser só existem no plano da relatividade e se extinguem no Absoluto. Nada mais existe, além do Ser, que, na verdade, não é nem observador, nem algo que possa ser observado, nem sujeito, nem objeto. 

CAPÍTULO 4

A Alma Individual

Neste capítulo é dito que o Ser é a alma individual e a natureza desta é explicada. 

A mente nada mais é do que a idéia do "eu". Mente e ego são uma coisa só. O intelecto, a vontade, o ego e a personalidade são coletivamente essa mesma mente. É como se um homem fosse descrito de diferentes maneiras de acordo com suas diversas atividades. O indivíduo não é outra coisa senão o ego, que por sua vez é mente, só e exclusivamente. Simultaneamente com o surgir do ego, a mente aparece associada com a natureza do Ser refletida, como o ferro aquecido ao rubro do exemplo. Como deve ser compreendido o fogo no ferro aquecido? Não devemos entender que são indissociáveis um do outro? 

O indivíduo e o ego são uma só coisa inseparáveis do Ser como o são o ferro aquecido ao rubro e o fogo. Não há, pois, nenhum outro ser conhecido como testemunha do indivíduo, senão o próprio indivíduo funcionando como ego, e este afinal nada mais é do que a mente associada com a consciência refletida. Esse mesmo Ser não somente brilha inafetado no Coração, como o fogo no ferro¹, mas também é infinito como o espaço. Ele é auto-refulgente no Coração, como Consciência pura — como o Único, sem segundo. Manifesta-se como o mesmo em todos os indivíduos e é conhecido como o Supremo Espírito. "Coração" é, simplesmente, outro nome para o Supremo Espírito, porque Ele está em todos os Corações. Assim, o ferro aquecido ao rubro é o indivíduo; o fogo flamejante é a testemunha, o Ser; o ferro é o ego. O fogo puro é onisciente e todo imanente Espírito Supremo. 
__________
¹ Da mesma maneira como o fogo no ferro aquecido ao rubro é inafetado pelas pancadas do martelo, que só modificam a forma do metal — assim também as vicissitudes da vida, prazer e dor, só afetam o ego. O Ser permanece puro, imaculado. 

(continua)
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