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Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

2 de fevereiro de 2012

Auto Investigação Quem Sou Eu? (parte 4)

AUTO-INVESTIGAÇÃO
RAMANA MAHARSHI
TÉCNICA DE MAHA-YOGA-VICHARA
QUEM SOU EU?


Instruções de Bhagavan Sri Ramana Maharshi - Tradução da versão revisada do original em Tamil publicada por T.N. Venkataraman, Presidente Sri Ramanasraman em Tituvannamalai em 1957)

CAPÍTULO 6

Conhecimento do Ser Supremo


Neste capítulo descreve-se o método de realizar o Ser.

1 - Quando a mente sob o aspecto do ego, o qual confunde o corpo com o Ser e se extravia, é compelida a se manter dentro do Coração, o sentido do "eu" no corpo rende-se. Então a investigação feita com a mente tranquila sobre quem habita o corpo produz uma súbita iluminação, percebida como "EU" "EU" que outro não é senão o Absoluto, o Ser, sentado no lótus do Coração, na cidade do corpo, o tabernáculo de Deus. Deve-se permanecer tranquilo, convicto de que o Ser refulge como tudo, e nada ao mesmo tempo, dentro e fora, e em todas as partes, como o Ser Transcendental. Isto é conhecido como meditação expressa no dito "Sivoham" — O Supremo Eu Sou — e também como Quarto estado. 

2 - Aquilo que está até mesmo além desta experiência sutil é Deus, chamado também de Estado além do Quarto, O Ser Supremo Onipresente, que brilha no coração da Chama Divina internamente. Descrito como manifestando-se na concentração e meditação — 6º e 7º passos da óctupla senda do Yoga — como Espaço do Coração, Pura Consciência, o Absoluto que refulge no céu da mente, Bem-Aventurança e Sabedoria. Pela longa, persistente, e firme prática desta meditação no Ser como o "Supremo Eu Sou", o véu da ignorância no Coração, e todas as obstruções consequentes serão removidas, e a perfeita Sabedoria resultará. Conhecer desta maneira o Morador Real da cavidade do Coração, no tabernáculo do corpo, é em verdade realizar o Absoluto, que é inerente a tudo porque o Coração compreende tudo que existe. Isto é confirmado pelo seguinte texto da Escritura: "O Sábio habita pleno de bem-aventurança na cidade de nove portais, que é o corpo" e o corpo é o Templo, o ser individual é o Absoluto. Se ele for adorado como "Supremo Eu Sou" a libertação produzir-se-á como efeito. O espírito que apóia o corpo, na forma de cinco envoltórios, e a cavidade; a cavidade nada mais é do que o Coração  — o Ser Transcendental que lá reside como o "Senhor da Caverna". 

Este método de realizar o Absoluto é conhecido como Dahara Vidya, ou conhecimento intuitivo do Coração. Que mais haveria para se dizer? O Supremo Ser deve ser realizado por experiência direta e imediata. 

CAPÍTULO 7

Adoração é tão-somente Auto-Investigação


Neste capítulo é explanado que a consciência perene do Ser é adoração e penitências reais. 

1 - O objetivo em se adorar o Supremo Ser impessoal reside na incessante lembrança da verdade de que V. é Brahman, porque a meditação "Eu sou Brahman" compreende sacrifício, oferendas, mortificação, ritual, prece, Yoga e adoração. A única maneira de se sobrepor aos obstáculos à sua meditação é proibir  à mente de se albergar nos objetos externos, introvertê-la no Ser, e testemunhar tudo que acontece ali sem ser afetado. Não há outro método. Nem mesmo um momento deve desviar-se do Ser. Fixar a mente no Ser, ou "EU", que habita o Coração é a quintessência do Yoga, da Meditação, Sabedoria, Devoção, recitação — preferivelmente inarticulada — de sílabas sagradas e Adoração. Como o Supremo espírito habita o Coração, como o Ser, diz-se que a permanente entrega da mente, por absorção, a Ele compreende todas as formas de adoração. Dominada a mente, tudo o mais é controlado. A mente é, em si mesma, a corrente vital. O ignorante diz que ela se parece na forma a uma serpente enrolada¹. Os seis centros sutis² são meramente imagens mentais destinadas aos principiantes em Yoga. Projetamo-nos nos ídolos e os adoramos porque não compreendemos a verdadeira adoração interna. Portanto, o Conhecimento do Ser que é onisciente, é a perfeição do Conhecimento.

2 - Distraídos, como somos, pelos diversos pensamentos, se contemplarmos continuamente o Ser, que é o próprio Deus, este único pensamento substituirá, no tempo devido, a todas as distrações e se esvairá ele também por fim. A pura Consciência que permanece só, finalmente, é Deus. 

Isto é Libertação. Nunca desviar a atenção do todo-perfeito, puro Ser, para os objetos do sentido é a culminância do Yoga, da Sabedoria, e todas as demais formas de prática espiritual. Ainda que a mente vagueie, desassossegadamente, por objetos externos, e se esqueça assim do seu próprio Ser, deve-se permanecer alerta e pensar o seguinte: "Eu não sou o corpo. Quem Sou Eu?" Faça-se essa indagação retrovertendo a mente ao seu estado original. A indagação "Quem Sou Eu?" é o único método para por um ponto final em toda miséria e de permitir a entrada na Suprema Beatitude. 

O que quer que se diga, e seja qual for a maneira de o dizer, essa é toda a verdade sintetizada em uma única frase!
(continua )
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