Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

7 de fevereiro de 2012

Sobre a libertação dos grilhões do mundo

Ouve atentamente, ó homem prudente, o que tenho a dizer. Se ouvires, serás decerto libertado dos grilhões do mundo. 

Dos passos que conduzem à libertação, o primeiro é o completo desprendimento de todas as coisas não-eternas. Em seguida, vem a prática da tranquilidade, do autocontrole e da paciência. E depois a completa renúncia a todas as ações inspiradas pelo desejo pessoal, egoísta. 

Então, o discípulo deve ouvir a verdade do Atman¹ e refletir a respeito dela, e meditar sobre ela constantemente, ininterruptamente, durante longo tempo. Assim, o sábio alcança o estado supremo no qual a consciência do sujeito e do objeto se dissolve e só a infinita consciência da unidade permanece — e então ele conhece a bem-aventurança do Nirvana² enquanto ainda vive neste mundo.

Shankara

¹Do sânscr.] No hinduísmo, o eu ou a alma individual, querendo significar, ou a totalidade das funções do organismo, ou uma entidade supracorporal que só pode ser atingida quando superada a realidade corpórea do indivíduo concreto, confundindo-se este com Brama.

² Do sânscr. nirvâna, ‘extinção (da chama vital)’. No budismo, estado de ausência total de sofrimento; paz e plenitude a que se chega por uma evasão de si que é a realização da sabedoria. Quietude perpétua. 
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