Aviso aos navegantes

Este blog é apenas uma voz que clama no deserto deste mundo dolorosamente atribulado; há outros e em muitos países. Sua mensagem é simples, porém sutil. É uma espécie de flecha literária lançada ao acaso, mas é guiada por mãos superiores às nossas. À você cabe saber separar o joio do trigo...

4 de fevereiro de 2012

A imprescindível experiência do deserto


Muitos se dizem além do Ego, quando não estão senão ao seu lado. 

Cada um sabe em que momento o numinoso o tocou, o questionou, o inquietou, para convidá-lo a se tornar um ser autêntico.

Nós sempre desejamos que nossos filhos sejam melhores do que nós fomos. É o que os pais geralmente dizem. Eles dizem. Mas, nem sempre dizem de todo coração. Porque se um filho se torna mais rico ou mais feliz, ele lhes escapa, sai da família. E, inconscientemente eles seguram seus filhos no mesmo estado social em que eles pararam e no mesmo estado de dificuldade afetiva em que eles pararam. 

Afirmar-se diferente não quer dizer afirmar-se contra, mas afirmar-se no que temos de próprio, na missão particular que nos foi dada para servir à todos

Muitos de nossos contemporâneos passam por uma castração voluntária, isto é, renunciam ao seu poder, à sua originalidade, à sua criatividade, à sua independência, pelo medo de rejeição, pelo medo do exílio. Eles adotam a impotência e o conformismo devido à ameaça eficaz e terrível do ostracismo. 

Quantos pássaros tiveram suas asas aparadas ou cortadas para que ficassem felizes e confortáveis em suas gaiolas douradas? 

Em teu ser que passa, lembra do Ser que É... Ir até o centro inacessível de sua origem.

Na experiência do deserto de nossas vidas, os mapas de estradas não são mais úteis. Nós não temos necessidade de mapas... Neste momento, temos que fazer uso de nossa bússola, isto é, do nosso coração. Um coração que busca o Ser... Não é suficiente ter uma bússola, é necessário saber interpretá-la... É simplesmente um olhar interior. Não se vê nada, não se sabe de mais nada e, no entanto, segue-se. Os que fizeram esta experiência de caminhar no deserto compreendem do que se trata. Porque com os nossos olhos não vemos nada e, no entanto, a bússola indica a direção... Ele faz a experiência de que era mortal, de que não tem mais nada a perder, que não há mais razão de ter medo, pois existe dentro dele, Algo que nada, nem ninguém pode destruir.

Jean-Yves Leloup
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