Os nossos cérebros têm amontoado uma quantidade imensa de velhos objetos, que não são propriamente propriedade de um antiquário, mas peças indiscriminadamente armazenadas em prateleiras desorganizadas e empoeiradas de um ferro-velho.
Os resquícios do passado aglomeram-se, confundem-se e fortalecem-se em colisões contínuas, fruto do pensamento caótico e desordenado. Toda esta atividade embota os sentidos, inviabilizando a percepção da vida no seu contínuo fluir, e da sua beleza própria.
Se queremos uma mente lúcida, aberta ao mundo, à integridade, é fundamental proceder à “limpeza” do cérebro, e de todos os condicionamentos e pensamentos obnubiladores. É essencial entender que a liberdade, a não-dependência, é o único meio de aceder ao Todo, e que a purificação do cérebro não poderá nunca ser obra de práticas dominadas pelo esforço com a sua consequência óbvia, que é o mecanismo do recalcamento.
José Maria Alves