Sem excitação, melancolia, entusiasmo, numa indiferença contemplativa que não é apatia, os sentidos cumprem rigorosamente as funções para que estão destinados.
Quando se observa instantânea e apaixonadamente, o espaço-tempo entra em derrocada.
Quando não há pensamento e os sentidos estão plenamente actuantes, há beleza, cuja essência íntima não admite contraste.
Para além do pensamento devemos escutar as sensações que provêm do mundo exterior, as impressões sensoriais resultantes das funções vegetativas e os murmúrios do corpo: a dor de cabeça, a impressão no estômago, a taquicardia que se instala, a ansiedade que se aloja no plexo solar.
José Maria Alves