Permaneça com seu Ser
Parte III
Este é o terceiro post da série Permaneça com seu Ser. Veja o primeiro e segundo.
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Não é a adoração de uma pessoa (guru) que é o crucial, mas a seriedade e profundidade de sua devoção à tarefa. Lembre-se, indague, pondere, viva-a, ame-a, cresça nela, faça-a sua – a palavra de seu Guru, externo ou interno.
Traga tudo para dentro e você conquistará tudo. Eu fazia isso. Todo o meu tempo era devotado ao meu Guru e ao que ele me disse.
Quando você está interessado na verdade, na realidade, deve questionar tudo, mesmo a sua própria vida.
Ter sempre seu Guru no coração e lembrar-se de suas instruções – isto é ser fiel à verdade.
A ilusão de ser corpo-mente está aí apenas porque não é investigada. A não investigação é a fina linha sobre a qual todos os estados da mente são alinhavados. Todos os estados da mente, todos os nomes e formas da existência têm suas raízes na não inquirição, na não investigação, na imaginação e na credulidade.
Quando estamos absorvidos em outras coisas, no não-Ser, esquecemos do Ser.
Sadhana (prática) consiste em lembrar a si mesmo obrigatoriamente da própria pura existência, de não ser nada em particular, nem uma soma de particulares, nem mesmo a totalidade dos particulares que formam o universo.
Apego é escravidão, desapego é liberdade. Necessitar é escravizar-se.
Aquele estado imóvel, que não é afetado pelo nascimento e morte de um corpo ou de uma mente – aquele estado você deve perceber.
Deixe de lado seus desejos e medos, dê sua total atenção ao sujeito, aquele que está por trás da experiência do desejo e do medo. Pergunte: Quem deseja? Deixa cada desejo levá-lo de volta a você mesmo.
O desejo de encontrar o Eu será certamente realizado, desde que você não queira mais nada. Mas você deve ser honesto consigo mesmo e realmente não desejar mais coisa alguma. Se, neste meio tempo, você desejar muitas outras coisas e estiver engajado em consegui-las, seu principal propósito pode ser adiado até que você fique mais sábio e cesse de ficar dividido entre necessidades contraditórias.
Seja qual for o trabalho que você tenha assumido – complete-o. Não comece novas tarefas, a menos que seja chamado por uma situação concreta de sofrimento e de alívio do sofrimento. Encontre-se primeiro e infinitas bênção se seguirão. Não há lucro maior para o mundo do que o abandono do lucro. O homem que não pensa mais em termos de perdas e ganhos é verdadeiramente o homem não violento, pois ele está além de todo conflito.
Quando você tiver entendido que toda a existência, na separação e limitação, é dolorosa, e quando você quiser e for capaz de viver integralmente, em unidade com toda a vida enquanto puro ser, você estará além da necessidade de ajuda.
O fim da dor não está no prazer. Quando você percebe que está além tanto da dor quanto do prazer, distante e inatacável, então a luta pela felicidade cessa e a tristeza resultante também. Pois a dor anseia pelo prazer e o prazer termina em dor, incessantemente.
O que é nascimento e morte a não ser o começo e o fim de uma sequência de eventos na consciência? Por causa da idéia de separação e limitação eles são dolorosos. O alivio momentâneo da dor chamamos prazer – e construímos castelos no ar, na esperança de um prazer sem fim, a que chamamos de felicidade. Tudo isto é mal entendido e mal utilizado. Acorde, vá além, viva realmente.
Desassocie o seu ser deste corpo de nascimento e morte e todos os seus problemas serão resolvidos. Eles existem porque você acredita que nasceu para morrer. Liberte-se da ilusão e seja livre. Você não é uma pessoa.
Apenas olhe e lembre-se: o que quer que você perceba não é você, nem é seu. Aquilo está lá no campo da consciência, mas você não é o campo e seus conteúdos, nem mesmo o conhecedor do campo. Simplesmente olhe para qualquer coisa que aconteça e saiba que você está além disso.
Tudo o que você precisa fazer é parar de considerar-se como estando dentro do campo da consciência.
Não desperdice energia e tempo em arrependimentos. Aprenda com os seus erros e não os repita.
O corpo existe no tempo e no espaço, transitório e limitado, enquanto que seu morador é infinito, eterno e a tudo permeia. Identificar um com o outro é um erro doloroso e a causa de um sofrimento sem fim.
Por que brincar com as idéias? Contente-se com o que você tem certeza. E a única coisa da qual você pode ter certeza é “Eu sou”. Fique com isto e rejeite todo o resto. Isto é Yoga.
Nisargadatta Maharaj
Fonte: http://advaita.com.br