Muitas interpretações religiosas do Messias¹ têm se tecido entre as principais tradições espirituais do mundo. A religião Judaica, por exemplo, tem mantido que Messias se refere a um indivíduo que um dia, quando Deus achar adequado, irá aparecer em um burro branco, e irá acabar com a miséria, a dor e o sofrimento. Por milênios os Judeus têm rezado para que isso aconteça, com o objetivo de trazer um final feliz para a humanidade. Mas até hoje, isso parece não ter funcionado, já que o Messias ainda não veio.
Por razões que permanecem misteriosas, Deus não mostra compaixão e empatia com Seu povo, e não manda o Messias imediatamente. Estará o Senhor lá no céu, sem se importar com o caos que Ele observa entre as pessoas do mundo? Pois não há dúvidas que Deus Todo Poderoso e Onipotente poderia por um fim a este caos quando Ele bem escolhesse - então por quê Ele não o faz? A resposta religiosa é simplesmente resignação e submissão: "Deus, em Suas misteriosas maneiras, sabe o que está fazendo".
Esse conceito de Messias é completamente isolado da vida diária daqueles que continuam a aderir a ele. Podemos deixar tudo como está; quando o Messias chegar, resolverá tudo para nós. Como resultado, é um conceito que não requer muita atenção para a qualidade espiritual da vida no dia-a-dia. Se o Messias chegar, bom, ótimo, e se não chegar, a vida vai continuar como continuou no passado.
Essa versão do Messias requer uma mínima mudança sequer na maneira como essas pessoas que nela acreditam vivem suas vidas? Esse conceito do Messias altera seus estilos de vida em qualquer medida? Infelizmente, a resposta é não. Simplesmente nos é dito para termos fé, para nunca abandonarmos a expectativa de Sua chegada - um dia Ele vai aparecer.
A impressionante revelação da Kabbalah é que toda e cada pessoa é na verdade o Messias. A remoção do caos requer a consciência coletiva, e Messias é a iniciativa de todos os seres humanos. Quando cada um de nós preencher os requisitos de consciência e comportamento - e nos tornarmos Messias em nosso interior - então e somente então poderemos trazer e nos tornar parte de um Messias coletivo. Quando todas as pessoas atingirem a comunhão com a sua consciência individual de Messias, iremos então experimentar a presença do Messias. A incrível Luz de Deus será então revelada em todo seu esplendor - e o caos simplesmente se esvairá, já que a escuridão não pode coexistir com a Luz.
¹ Messias — Um conceito do judaísmo, o Messias (em hebraico: משיח, transl. Māšîªħ, Mashíach, Mashíyach, "O Consagrado"; a forma asquenazi é Moshiach, e a aramaica é Mesiha) refere-se, principalmente, à profecia da vinda de um humano descendente do Rei David, que irá reconstruir a nação de Israel e restaurar o reino de David, trazendo desta forma a paz ao mundo.
Os cristãos, com algumas exceções, consideram que Jesus Cristo é o Messias, bem como o Filho de Deus e uma das três Pessoas da Trindade, doutrina que foi confirmada terminologicamente, a título dogmático, no Concílio de Niceia de 325 d.C.. A palavra "Cristo" (em grego Χριστός, Christós, "O Ungido" ou "O Consagrado") é uma tradução para o grego do termo hebraico Mashiach.
No Velho Testamento, a palavra específica Messias aparece apenas duas vezes: em Daniel 9:25 e 26, quando um anjo anuncia ao profeta Daniel que o Messias surgiria e seria morto 62 semanas proféticas após a reedificação de Jerusalém, antes da cidade e do templo serem novamente destruídos.
No Novo Testamento, a palavra grega Μεσσίας (Messias) está registrada também apenas duas vezes: em João 1:41, quando o André contou a seu irmão Pedro que recém haviam encontrado o Messias (que traduzido é o Cristo), e em João 4:25, onde uma mulher samaritana comenta com Jesus que sabia que o Messias (que se chamava Cristo) estava vindo, e que quando viesse, nos anunciaria tudo, ao que Jesus prontamente lhe respondeu: "Eu o sou, eu que falo contigo".